sexta-feira, 10 de maio de 2013

A chuva

Já é inverno, o tempo passou rápido, a chuva está caindo e as gotas de água deslizam pelo vidro da janela que está fechada, fico observandoas gotas apostarem uma corrida até o parapeito. Está frio e estou enrolada nos cobertores feitos de lã, era da minha mãe e desde pequena me aqueço neles. A casa está tomada pelo cheiro de terra molhada porque cultivo um jardim na varanda.
 O telefone toca e parece um tremendo barulho em meio ao silêncio profundo que preenchia minha casa, com um poucode esforço estico o braço para fora da cama e atendo o telefone que fica na mesinha de cabeceira, solto um “alô?” misturado com suspiro, a voz do outro lado da linha responde e reconheço o timbre dessa voz rouca e cansada que sempre faz meu coração acelerar e dessa vez não foi diferente, meus batimentos cardíacos faziam um eco nos meus ouvidos, batia tão forte e rápido que minhas costelas doíam.
 Mesmo sabendo quem era perguntei “quem é?” e a voz respondeu, entediada “não reconhece mais?” respirei fundo “é só para ter certeza” e ele finalmente confirma o que eu já tinha certeza “é o Amor... A Carência e a Solidão me disseram que talvez você estivesse precisando de mim, então resolvi ligar”. Eu não sabia se deveria ficar feliz, afinal de contas, a Carência e a Solidão estavam sendo minhas fieis companheiras desde que o Amor me deixou, nós brigamos e eu não tinha certeza se queria ele de volta na minha vida.
 “Queria pedir desculpas, será que você pode abrir a porta para mim novamente?” o Amor pediu com sua voz persuasiva, eu sabia que iria ceder uma hora ou outra, porque é sempre assim, ele vem atrás de mim e entra na minha vida aos poucos e as piores situações são essas, quando ele pedia desculpas e licença, então eu dou permissão e o Amor tomava conta de tudo.
 A campainha tocou, eu já deveria saber que ele estaria esperando, o Amor sabia que eu ia ceder porque a Carência e a Solidão já tinham começado a trazer a tristeza para tomar chá comigo e logo a Depressão viria também e sempre que o Amor me visitava ele convidava sua amiga Felicidade, escorreguei para fora da cama e fui atender a porta. “Olá Eric” digo, “Olá” Eric responde sorrindo, o Amor está ao lado direito dele com sua habitual cara de vitorioso, porque ele sempre ganha e a Felicidade do lado esquerdo sorrindo, como sempre, porque ela só tem essa cara.

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